fonte: Extra
Mais de 1.300 médicos cooperados rejeitaram as contas apresentadas pela Unimed-Rio durante uma assembleia extraordinária realizada na segunda-feira passada, com um prejuízo de R$ 198 milhões. O demonstrativo contábil da cooperativa — que tem um milhão de clientes — é referente a 2014. A proposta — que previa o rateio do rombo por todos os 5.500 cooperados — nem chegou a ser votada. Mesmo assim, houve um princípio de tumulto com um grupo de médicos revoltados.
Foram mais de duas horas e meia de discussão. Desde abril, a Unimed-Rio está sob intervenção fiscal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Independentemente das contas não aprovadas de 2014, somente este ano as dívidas já chegam a R$ 226 milhões, além da hipoteca de R$ 130 milhões na Caixa Econômica Federal, que diz respeito ao hospital novo construído na Barra da Tijuca. A cooperativa também foi inscrita na Dívida Ativa do Município por falta de pagamento de Imposto sobre Serviços (ISS).
Segundo uma mensagem da Unimed-Rio aos médicos, o rateio das perdas seria feito de forma proporcional à produção de cada cooperado em 2014, “limitada a 18% da produção atual”. O tempo do rateio poderia variar, em média, de seis a nove meses. Os cooperados dividiriam um prejuízo de R$ 90 milhões, já que os outros R$108 milhões foram abatidos com um fundo de reserva do próprio plano.
— Vemos o caso com preocupação. Nenhuma empresa tem o número de clientes da Unimed-Rio. Já reduziram o valor da consulta (paga ao médico) em 20% e propuseram diminuir o pagamento de outros procedimentos em 30%. É catastrófico — disse Emílio Zilli, diretor de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira (AMB).
— Sabemos da situação difícil da empresa. Há atrasos nos pagamentos de internações e exames. Temo porque a Unimed também me pertence. Paguei R$ 35 mil há quatro anos para me associar. Conheço outros que desembolsaram R$ 70 mil — disse uma dermatologista.
A Unimed-Rio informou que o resultado da Assembleia Geral Ordinária não traz qualquer impacto para o atendimento aos clientes. Segundo a empresa, o balanço foi aprovado por duas auditorias independentes e rejeitado pelos sócios sem justificativas técnicas. Outra reunião será marcada.